"Suspiro, anseio secreto revelação de um afeto..."



8 de junho de 2009

(Filo)Equilíbrio

Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade.
Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais. Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima. Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.
Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais. Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo. Nem eu sou o que penso que eu sou. Nem nós o que a gente pensa que tem.
Prefiro as noites porque me nutrem na insônia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. Trabalho sem salário e não entendo de economizar. Nem de energia. Esbanjo-me até quando não devo e, vezes sem conta, devo mais do que ganho.
Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. Nem faço simpatias. Minha fé é no Deus do otimismo. Quando é impossível, debocho. Quando é permitido, duvido.
Não bebo porque só me aceito sóbria, não fumo pra enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas. Penso menos do que falo, e falo muito.
Nem sempre o que você quer saber eu sei, mas não deixo de falar.Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e sinto falta dos meus dreads locks coloridos que me iluminavam e me coloriam. Mas há uma mulher muito presente em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.
Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores.
E note bem: não sou defensiva, mas agressiva. Ousadia onde você vê impaciência. Sensatez onde você pensa que é falta de coragem.Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos. E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo. E não penses que me defendo, mas sim te ataco.
Eu nunca deixo de tentar por ter medo de errar, nunca deixo de agir por ter medo de incomodar, nunca deixo de lutar por ter medo de apanhar, nunca deixo de gostar por ter medo de viciar, nunca deixo de falar quando todos se calam, nunca deixo de sorrir quando todos entristecem, nunca deixo de colorir quando tudo perder a cor, nunca deixo de brilhar quando tudo escurecer; eu nunca deixo de contrariar. Porque ser a capa e ser a contracapa é a beleza da contradição, é negar a si mesmo.
Para o que se acha muito sensual, não penses nem por um segundo que me atiro em teus braços por puro desejo. O que faz com que eu me entregue é o teu olhar forte e desafiante que me atrai, me domina e me entorpece de sensações e me faz delirar. Eu recuo diante de tanta complexidade, porém desnudo desejo de ser menina e mulher, de ser inocente e consciente, de ser a mais rara das misturas!Eu me olho por dentro e vejo sentimentos e sensações. E quando não gosto do que vejo, do que me dizem ou do simples fato de me contrariarem, eu me jogo contra tudo isso que não aceito ou não concordo; não é coragem, mas sim irreverência.
E tal irreverência me leva a mais louca e inesperada vontade de ser tudo o que não sou; de ser adulta. De ser mulher e agir como tal sem dependência, mas sim com independência; com liberdade.E assim vou caminhado pelas ruas com a simplicidade e doçura, sensualidade e perspicácia; lúcida, porém confusa.
Vou me aceitando e me acostumando a ser quem e como sou.
Pode não ser avassalador, mas é o suficiente pra me fazer sorrir!
Viva da melhor maneira possível: da sua maneira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Afetos...